Cresce desaparecimento de adolescentes; veja como evitar

Em outubro de 2021, o caso de um adolescente de 14 anos, que fugiu de casa pela terceira vez após 3 meses da última fuga, chamou a atenção. Isso porque o estudante afirmou que começou a sair sem apontar seu paradeiro à família por um motivo: repreensão familiar, já que os pais são muito conservadores.

Nos últimos anos, o desaparecimento de adolescentes têm crescido. De acordo com dados do Núcleo de Pessoas Desaparecidas, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), só neste mês de março, 31 jovens entre 13 e 17 anos foram dados como desaparecidos.

Em 2020, foram registradas 160 ocorrências entre adolescentes – no número geral, entre todas as faixas etárias, desapareceram 675 pessoas. Ou seja, os menores de idade representam 23% dos casos.

No ano seguinte, dos 728 desaparecimentos, 169 deles foram de adolescentes que saíram de casa e não deram mais notícias.
Ainda nas 160 ocorrências entre adolescentes em 2021, 117 são meninas e 52 meninos – elas correspondem a 44% dos desaparecimentos, enquanto os meninos a 11%.

De acordo com o delegado do Núcleo de Desaparecidos, Roberto Amorim, a Polícia Civil tem feito uma análise minuciosa para entender porque esse número tem crescido. Segundo explica, muitas vezes, a família não tem um diálogo aberto e claro com os filhos.

“Muitas famílias não deixam os filhos saírem, principalmente na faixa dos 14 anos, proíbem de namorar. É fundamental o diálogo, a família tem que sentir se há alguma atitude fora da rotina do adolescente”, disse.

A adolescência é a transição entre a infância e a vida adulta. Nesse período, o jovem está se descobrindo seu lugar no mundo, e essa fase pode trazer muitas inseguranças. Inclusive, alguns jovens podem até começar a se envolver com drogas.

 

“Muitas vezes fogem em busca de droga, e os pais, mesmo que juntos ali, não tem conhecimento que o filho está usando”, aponta.

Por serem vulneráveis, pessoas com más intenções podem se aproximar justamente para se aproveitar daquele adolescente, que começa a se revoltar por exemplo.

“Os pais precisam acompanhar de perto. Hoje tem a facilidade muito grande, porque tem as ferramentas tecnológicas, que contribui muito com incentivos de terceiros. Então muita vezes pega esses adolescentes com problemas familiares e o pessoal dá um ‘ombro amigo’, e acaba-se que os adolescentes são envolvidos”.

Fora esse problema, o adolescente diante de muita repreensão familiar, naturalmente tende a se “rebelar”, para de certa forma mostrar sua imposição. “Eu não sou mais criança, eu tomo minhas decisões”, comenta o delegado.

Geralmente, os menores de idade são encontrados entre 2 a 3 dias. Eles costumam fugir para lugares previsíveis, como casa de namorados ou parentes.

No caso do adolescente citado no inicio da matéria, ele passou os dias sumido na rua. A justificativa era que ele só queria brincar e soltar pipa.

Por ser vulnerável, um adolescente andando na rua sozinho representa ainda outro tipo de perigo. “Um adolescente de 14, 15 anos, se ele sai numa boate, num barzinho, tem os captadores de pessoas, pra desempenhar funções até certo ponto ilícitas, e envolver eles em alguma situação para causar prejuízo”, disse.

“Por exemplo, uso de droga e prostituição. A gente pensa que não, mas é um problema seríssimo”, continua Amorim.

Diálogo sempre
Ainda segundo Amorim, a principal medida é estabelecer uma boa relação familiar. Caso o adolescente já tenha saído, o delegado alerta os pais a procurar imediatamente a policia, assim que notar que ele não voltou.

“Tem esse mito que tem que esperar 48 horas, e isso não tem validade. Hoje temos leis aprovadas no Congresso Nacional, sobre a busca imediata. O pai sentiu ou familiar sentiu que saiu e não voltou, fugiu da rotina? Comunique imediatamente, pra que a gente possa localiza-lo antes de acontecer algum delito contra ele”, chama atenção.

Como evitar o desaparecimento ou fuga do adolescente?
– Eles costumam dar sinais de que alguma coisa não está bem, como mudanças de comportamentos: podem ficar depressivos, hostis, ansiosos, passar muito tempo nas redes sociais ou se isolar
– Conheça os amigos do adolescente e tenha o contato deles
– Procure sempre acompanhar seus filhos em eventos e na escola. Caso não seja possível, cadastre aplicativos de transporte no seu e-mail, para ter acesso à localização
– Não seja inflexível com seus filhos. Busque compreendê-los, validar suas angústias e ouvi-los. O ideal é ser um “local” de acolhimento para seu filho, pois é diante de repreensões que eles tendem a se revoltar e tomar medidas drásticas, como fugir

Não consegui evitar, meu filho fugiu. O que eu faço?
– Quando fogem, eles costumam procurar casas de namorados, amigos ou parentes. Comece a procurar por locais previsíveis.
– Não espere 24 horas, isso é um mito; Sentiu falta do seu filho, procure a Polícia Civil imediatamente
– Tenha uma foto atual do adolescente

 

Fonte: Gazeta Digital